Quinta, 12 Janeiro 2012 15:12

Comunicação - David Baini edição 11-01-12

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Entorpecentes: o mal de São Lourenço e todo o País
* SEMANALMENTE esta coluna tem abordado os mais variados assuntos de interesse da comunidade lourenciana. Involuntariamente, tenho deixado em segundo plano, falando muito pouco, sobre um dos principais problemas de nossa comunidade e, de todo o País. Refiro-me à expansão desastrosa dos mais variados tipos de drogas. Em especial, do crack, a droga maldita, que vem destruindo milhares de famílias e arrasando a vida de mães e pais que não entendem o que errado fizeram para que seu filho fosse parar na dependência química. Arrisco a dizer que, involuntariamente, a maioria dos pais não erraram. Apenas se esqueceram de colocar um freio nas atitudes dos filhos, desde o nascimento até a adolescência. Reproduzo, por entender como oportuníssima, a carta de um filho para seu pai, cujo texto foi escrito pelo intelingentérrimo jornalista José de Paiva Neto, da Legião da Boa Vontade (LBV). Sugiro ao amigo leitor, especialmente se for jovem de idade ou de espírito, que leia com muita atenção:
Tóxicos: “carta de um filho para o pai”
* “Acho que neste mundo ninguém procurou descrever seu próprio cemitério. Não sei como meu pai vai receber este relato, mas preciso de todas as forças enquanto é tempo. Sinto muito, meu pai, acho que este diálogo é o último que tenho com o senhor. Sinto muito, mesmo... Sabe, pai, está em tempo de o senhor saber a verdade de que nunca desconfiou. Vou ser breve e claro, bastante objetivo. “O tóxico me matou. Travei conhecimento com meu assassino aos 15 anos de idade. É horrível, não, pai? Sabe como conheci essa desgraça? Por meio de um cidadão elegantemente vestido, bem elegante mesmo, e bem-falante, que me apresentou ao meu futuro assassino: a droga. “Eu tentei recusar, tentei mesmo, mas o cidadão mexeu com o meu brio, dizendo que eu não era homem. Não é preciso dizer mais nada, não é, pai? Ingressei no mundo do vício. “No começo foi o devaneio; depois as torturas, a escuridão. Não fazia nada sem que o tóxico estivesse presente. Em seguida, veio a falta de ar, o medo, as alucinações. E, logo após, a euforia do pico, novamente eu me sentia mais gente do que as outras pessoas, e o tóxico, meu amigo inseparável, sorria, sorria. “Sabe, meu pai, a gente, quando começa, acha tudo ridículo e muito engraçado. Até Deus eu achava cômico. Hoje, no leito de um hospital, reconheço que Deus é mais importante que tudo no mundo. E que sem a Sua ajuda eu não estaria escrevendo esta carta. Pai, eu só estou com 19 anos, e sei que não tenho a menor chance de viver. É muito tarde para mim. Mas ao senhor, meu pai, tenho um último pedido a fazer: mostre esta carta a todos os jovens que o senhor conhece. Diga-lhes que em cada porta de escola, em cada cursinho de faculdade, em qualquer lugar, há sempre um homem elegantemente vestido e bem-falante que irá mostrar-lhes o futuro assassino e destruidor de suas vidas e que os levará à loucura e à morte, como aconteceu comigo. Por favor, faça isso, meu pai, antes que seja tarde demais para eles. “Perdoe-me, pai... já sofri demais, perdoe-me também por fazê-lo padecer pelas minhas loucuras. “Adeus, meu pai”. Algum tempo após escrever esta carta, o jovem morreu. *José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta.

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